terça-feira, 12 de julho de 2011

Onde está a sua felicidade?



        Era apenas mais uma manhã límpida, e eu estava novamente sem ter o que fazer. 
       Há anos meu único desejo é poder descer desta torre, fugir deste castelo, mas não posso, apenas vejo os dias passarem através desta pequena janela e desta imensa altura, que me afastam do restante do mundo. Foi decretado por meu pai quando era pequena que moraria neste quartinho com apenas uma cama, até que um príncipe, corajoso suficiente e que esteja disposto a derramar seu próprio sangue apenas para me libertar, ter-me em seus braços, suba até aqui, me liberte e assim, esteja livre para viver comigo pelo resto de sua vida.
          Depois que vi o terceiro desistir na metade e ir embora, simplesmente comecei a desacreditar no amor, e aprendi a apenas ver a vida passar. Para mim era muito mais fácil imaginar o amor e ler sobre ele do que senti-lo. Conhecia pouco sobre o assunto, mas o pouco que conhecia me alertava para fugir dele com todas as minhas forças.
        As criadas de meu pai já me falaram que não posso ter medo de viver.  Que devo fazer de meus sonhos, metas, e ir à busca deles.  Mas às vezes, quando você tem um grande sonho, você também tem um pouco de medo de vê-lo realizado. E se não for tudo que eu imaginei? E se depois eu descobrir que não era exatamente isso que eu queria? Mas confesso, hoje acordei com ânsia de viver, ânsia de sentir meus pés na grama fresca, de correr, de sentir o sol queimar minha pele. De sentir-me livre, finalmente, para poder criar minha própria história, e não mais viver na sombra da história de meu pai.
         Era isto. Eu iria fugir. Eu iria provar desta liberdade. E se depois não for o que eu imaginava? Bom, pelo menos saberei como é. Não precisarei mais dormir à noite e imaginar, porque eu estarei vivendo meu sonho. 
         Estava tudo pronto, não iria levar nada. Apenas algum dinheiro. Ouço batidas na porta. Era a criada. Abri para ela e, enquanto ela entrava, saí correndo, descendo vários lances de escadas, e depois, finalmente, parando em frente a uma porta. Pensei novamente se era isto mesmo que eu queria. Era. Abri a porta, e senti, pela primeira vez, o sol ofuscando meus olhos.
        E enquanto eu corria, percebi, que não importava quantos príncipes tentariam escalar aquela torre, a única pessoa capaz de me fazer feliz, naquele momento, estava correndo de pés descalços floresta adentro.

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