sexta-feira, 15 de julho de 2011

O lado que fica



           Obrigava-me a ficar calmo enquanto a avistava ao longe. Ela estava linda, como sempre, mas, enquanto se aproximava percebi que algo havia mudado. Seus olhos tentavam evitar os meus; Sua boca estava ligeiramente fechada, mas mordia o lábio inferior, e suas mãos estavam tremendo levemente.
            A abracei. Eu a conhecia o suficiente para perceber que meu toque não causou arrepios em sua pele e seu coração tampouco acelerou. Afastei-me. Foi quando ela disse:
             - Tenho tentado, com sucesso, fingir que nada estava acontecendo. Mas como dizem, chega uma hora que precisamos tirar as máscaras e mostrar o que sentimos realmente, sem omitir nem inventar nada. Apenas sermos sinceros e honestos conosco e com as pessoas ao nosso redor. Há tempos que seu abraço não me faz sentir segura, que sua voz não soa como música em meus ouvidos, que seu toque não causa arrepios em todo meu corpo, que seu beijo não me desperta desejo, e nem sua presença acelera meu coração. E eu, como te amava – ou estava apenas acostumada a dizer que te amava, não sei – resolvi ocultar e fingir entusiasmo, fingir preocupação e fingir sentimento. Você ainda é muito importante pra mim, apenas não mais do mesmo jeito. E é exatamente por isso que eu não posso mais continuar te enganando. Desculpe.
                  Deu um beijo em meu rosto e foi embora, deixando-me ali, parado, estupefato e com lágrimas nos olhos. “eu te amo”, sussurrei para o vento.

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