domingo, 21 de agosto de 2011

Metamorfose


Complicada, mas nem tanto. Generosa, mas não boazinha. Criança, mas adulta. Extrovertida, mas séria. Apaixonada, mas não dependente. Míope, mas não cega. Compreensiva, mas não tola. Espontânea, mas não idiota. Independente, mas não sozinha. Sensível, mas muito forte. Ela era muitas em uma só, uma contradição de sentimentos, uma fusão de personalidades. Mas não entendam mal, ela era verdadeira. E sabia a hora certa de mostrar cada mulher que existia dentro dela. Ela não era vingativa, mas tampouco aceitava ser enganada. Ela nunca aceitou a perda de uma amizade, ou de um amor. Sempre lutou até o fim, mas é claro, nunca venceu.  E assim ela descobria que pessoas são como fumaça: impossíveis de prender. Era muito mais fácil ser e deixar as pessoas livres. Que voltem, se quiserem! Mas em uma coisa todas essas mulheres concordavam: Elas gostavam do silêncio. Porque ele podia dizer muito mais que palavras. Porque o silêncio podia expressar tudo que ela sentia. Porque o silêncio era capaz de conquistar, mas também de partir corações. E quando todos esperavam que ela falasse, gritasse ou chorasse, ela surpreendeu, mostrando que era forte. Ficando em silêncio ela provou para todos que era capaz de seguir em frente. E naquele momento, outra mulher passou a habitar em seu corpo e agora frágil coração. A mulher que tinha amor próprio, a mulher que sabia seu valor. A mulher que erguia a cabeça e se proibia de chorar. A mulher que acreditava em si mesma. Agora ela era capaz de se sentir confortável em meio à sua própria confusão. Ela não queria mais mudar as pessoas, era capaz de aceitá-las como eram. Ela não queria mais abraçar o mundo. Não desejava mais um amor de tirar o fôlego. Queria deixar suas vontades lhe guiarem. Não pensava mais mil vezes antes de fazer algo, ela simplesmente fazia. Se fosse para o amor acontecer, ele aconteceria. Mas ela não iria mais buscá-lo, sabia que seria inútil, pois o amor nunca acontece quando desejamos.

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