quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Antes a chuva, depois o arco-íris. Essa é a ordem



Você estava naquela festa, sentindo-se totalmente deslocada, com um copo de whisky na mão, tentando lembrar-se do que a havia feito ir àquele lugar desprezível. Claro, sua amiga – que agora estava dançando – fez questão de que você fosse, e você, como não sabe dizer não, acabou cedendo. Queria ir embora; levantou, mas, quando ia sair, uma mão quente pegou seu braço e te obrigou a sentar novamente.
Ele apresentou-se, depois puxou assunto. E o que tinha tudo para ser uma noite péssima, tornou-se agradável e até divertida. As horas passaram-se depressa, e quando você ia embora, ele pediu seu número do celular. Você passou.
Ele te ligou no dia seguinte, e no outro, e no outro. Cada vez mais interessado na sua vida, nos seus gostos, nas suas manias, na sua personalidade. Ele te fez rir quando você estava triste, e falou com você até conseguir dormir nos dias de insônia. Ele te ligou às duas da manhã para te contar sobre a noite super estranha que ele havia tido e a falta que você fazia.
Então um dia ele te convidou para sair, e seu coração acelerou. Como assim? Da onde havia saído aquela reação? Porque suas mãos tremiam? Porque você estava roendo as unhas? É, tarde demais. Você estava apaixonada. Não sabia como nem quando havia acontecido isso, mas não sentia vontade de parar. Entregou-se.
E então, quando você estava completamente dependente daquele sentimento, ele sumiu. As ligações não existiam mais; as conversas tornaram-se escassas; os encontros, raros. Você havia sido deixada sem aviso prévio.
Choros descontrolados, insônia, culpa, medo, solidão, nostalgia. Você não sentia mais vontade de fazer nada, queria apenas ele. Até lembrar-se das brigas se tornou algo agradável. Maquiagem pra que? Quem precisa estar bonita? Você saía e todos à sua volta pareciam ser ele. Mas não eram, aliás, ele não estava em lugar algum. Porque ele não voltaria.
E então, num dia quente de verão, alguns meses depois, você acordou e sentiu vontade de viver. Maquiou-se e até gostou do que o espelho refletia. Ligou para algumas amigas e saiu, conseguiu divertir-se. Depois, estudou. Valia tudo para não ter tempo de pensar nele. Era você aprendendo a lidar com o buraco que ele havia deixado.
Com o tempo, você não precisava mais inventar coisas pra fazer para ocupar sua mente, porque ele deixou de habitar seus pensamentos naturalmente, e agora, lembrar-se dele te fazia sorrir, e não chorar. Você passou a ter marcas aonde antes haviam feridas. Você começou a se apaixonar por você mesma, e a se preocupar com sua própria felicidade antes de qualquer coisa.
E num dia, desses que você acorda de bom humor, ele te ligou. Quis conversar. Quis te ver. E você percebeu que ele havia lhe proporcionado o amor mais intenso, e também a pior dor. Vocês não haviam colocado um ponto final, e talvez fosse por isso que você quis dizer que sim, ia se encontrar com ele. Mas não disse. Você ignorou seu coração – que queria manifestar-se – e negou. “Não, não vou encontrar-me com você, porque você não pensou duas vezes ao me deixar, e eu te amava. Você sabe o que é isso? Ah, claro que não sabe. Você não ama nem você mesmo. Esqueça, procure outra garota para iludir. Com meu coração você não brinca mais.” E desligou. 
Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece, e você nunca ia esquecê-lo. Ele ia permanecer com você pelo resto de sua vida, e não havia solução. Seria apenas você com você mesma, sempre. Independente de quem estaria ao seu lado futuramente. Porque agora você não depositava mais sua felicidade em outra pessoa. Você mesma era capaz de completar-se. Às vezes vale a pena enfrentar uma tempestade, se depois vier o arco-íris.

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