A chuva caindo fina sob meus ombros nus me lembra um pouco
do que você foi pra mim. Chuva de verão. Que refresca, mas não dura. Não dura
porque existem coisas na vida que foram feitas para serem passageiras. Essa foi
apenas uma das coisas que aprendi com você: não adianta forçar, há coisas que
simplesmente não são.
Você me ensinou que nem todas as nossas escolhas são
certeiras, e algumas, decisivas, nos fazem conviver com o “e se?”, tão temido.
Com você eu aprendi a pensar cuidadosamente em todos os caminhos que tenho
disponíveis.
Você me mostrou que até o homem mais forte do mundo tem suas
fraquezas, e que seria imbecilidade minha pensar que alguém não tem. Todos
erramos. Com isso, parei de julgar e passei a entender. E, entendendo, fui
capaz de amar mais as pessoas.
Aprendi, com você, que a vida nos prega peças, e que às
vezes o melhor a fazer é rir com elas e aproveitar o que de bom elas nos
trazem. E, às vezes, esquecer que se tem juízo também é bom.
Você me mostrou que preciso valorizar meu lado criança, e
saber dançar na chuva sem me preocupar se vai estragar o meu cabelo. Você me
mostrou, também, que ser adulto é acumular responsabilidades, é acumular
trabalho e stress. E, com isso, comecei a valorizar mais a leveza que me preenche
e o sorriso que me escapa nos lábios mesmo no caos do dia a dia.
Aprendi que o amor não é tudo, mas é algo importante em
nossa vida. Ele é como uma chama, a alguns, aquece e impulsiona, a outros,
intimida. Gostaria profundamente de não ser do tipo que se intimida com ele, mas as vezes quando você me olhava, eu me sentia apenas uma menina frágil e imatura. E você percebia. Então me olhava e dizia "você vai se dar muito bem na vida. És focada e desapegada".
Tens razão. E exatamente por esse motivo, hoje lhe escrevo
esta carta. Nunca fui do tipo que nutre ilusões, não seria diferente agora.
Encerro este ano com a alma leve, o coração tranquilo, e a
decisão de te deixar. Junto com 2014, e minhas boas lembranças deste ano que já
não é.
O fim é o perfeito ensejo para o recomeço.
ResponderExcluirGK
Realmente, GK, finais são impulsos para recomeços!
ExcluirRecomeçar é sempre e preciso... afinal o velho da lugar para o novo.
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